Tanto que tenho falado, tanto que tenho escrito-como não imaginar que, sem querer, feri alguém? As vezes sinto numa pessoa que acabo de conhecer, uma hostilidade surda, ou uma reticência de magoas. Imprudente oficio é este, de viver em voz alta.
As vezes, também a gente tem o consolo de saber que alguma coisa que se disse por acaso ajudou alguém a se reconciliar consigo mesmo ou com a sua vida de cada dia; a sonhar um pouco, a sentir uma vontade de fazer alguma coisa boa.
Agora sei que outro dia eu disse uma palavra que fez bem a alguém. Nunca saberei que palavra foi; deve ter sido alguma frase espontânea e distraída que eu disse com naturalidade porque senti no momento - e depois esqueci.
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